quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Amigos do acaso Parte I

Ao decidir viajar, uma das mais gratas surpresas são as pessoas que pode encontrar pelo caminho.  Seja no saguão do aeroporto, em uma rodoviária, descendo as escadas do seu hotel/albergue  ou mesmo pedindo alguém para tirar uma foto. Vocês já pararam para pensar a importância desses amigos do acaso? Eu devo admitir que muitos deles tornaram tão especiais as minhas viagens que fica até díficil imaginar como teria sido sem eles. 
[Onde foi: Outubro 2010, Aeroporto de Assunção,Paraguai]
Estava viajando para La Paz, Bolívia, com conexão em Assunção.  Aterrissei em solo paraguaio por volta de 2 horas da manhã, e vi um grupo pequeno de pessoas esperando pelo avião para a capital boliviana.  Achei o lugar estranho demais, e o voo estava muito atrasado e todos pareciam bastante irritados. Fora isso, nenhum funcionário sabia dar nenhum informação útil, o que me deixou preocupado.
[Quem foi ]
Estava com uma amiga de viagem, Alessandra, e não tinhamos lugar programado para ficar na Bolívia. A idéia era dormir no aeroporto e esperar amanhecer e procurar algum local. E então, eis que senta do meu lado uma moça morena, corte bem curto e falando espanhol fluentemente. Começou a me perguntar se eu sabia algo sobre o voo, e abriu um sorriso imenso quando disse que era do Brasil. "Oui, Oui...Brésil.." Perai, ela do nada falou francês? Pois é, eu podia imaginar que ela era de qualquer lugar da América Latina, menos que se tratava de alguém da França. Era a Linda,  francesa de descedência argelina e que me acompanharia pelos próximos dias de viagem. Foi Linda que escreveu os primeiros capítulos da minha história no país das llamas.  Foi a autora que me guiou para o albergue onde ficaria, que estava cheio de outros franceses  e .para as minhas primeiras aventuras. 
[Como foi] 
Cheguei à La Paz de madrugada, e tive péssimas impressões do lugar. Pegamos um taxi e ´passei pelo El Alto, que me pareceu uma favela gigante em uma altitute muito elevada.  Quando chegamos ao albergue que Linda sugeriu, percebi que além de simpática, ela tinha um ótimo senso de humor e habilidade para lidar com imprevistos.  À príncipio, não havia vagas. Então, Linda simplesmente inventou que tinha feito reserva para três, e de tão convincente, a recepcionista do lugar ficou confusa e arrumou um lugar.  
Conversamos por um tempinho, dormimos os três e ao acordar, parecia que estava em um lugar completamente diferente. Do quarto, já escutava pessoas gritando e buzinas do populoso, confuso e caótico centro de La Paz.  As ruas da cidade eram muito estreitas, e com subidas e descidas excessivamente irritantes e uma engarrafamento infernal.
Tomei café com Linda junto a algumas pílulas de coca, que me salvou das dores de cabeça por conta do soroche (mal-estar de altitude). Passeamos pelo mercado principal da cidade, andamos, conheci um pouco do centro.  E no dia seguida, partimos para Twinaku, umas ruínas antigas com muito a que contar.
 [O que teria sido diferente ]
Por causa de Linda, há perguntas que sempre ficarão sem resposta. Onde eu teria dormido ao chegar em La Paz?  Será que eu teria ido nos memos lugares que ela me levou, ou mesmo, conhecido tais locais?